Exercícios físico regulares melhoram sobrevida e controlam câncer de cólon, diz estudo
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Achados são de um experimento internacional, apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e publicados no New England Journal of Medicine. Pacientes podem aumentar atividade física após o tratamento, o que pode ajudar a prevenir a recorrência do câncer.
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Um programa de exercícios com duração de três anos demonstrou melhorar a sobrevida de pacientes com câncer de cólon e manter a doença sob controle. Os achados são de um experimento internacional, apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e publicados no New England Journal of Medicine.
Especialistas afirmam que os benefícios observados rivalizam com os de alguns medicamentos. Eles sugerem que centros de tratamento oncológico e planos de saúde considerem tornar o treinamento físico um novo padrão de tratamento para sobreviventes de câncer de cólon.
Pacientes podem aumentar atividade física após o tratamento, o que pode ajudar a prevenir a recorrência do câncer.
"É um estudo empolgante", diz o Jeffrey Meyerhardt, do Instituto de Câncer Dana-Farber, que não participou da pesquisa. Ele ressaltoa que este é o primeiro ensaio clínico randomizado e controlado a demonstrar redução nas recorrências de câncer e melhora na sobrevida associadas ao exercício.
A evidência
Evidências anteriores se baseavam na comparação de pessoas ativas com pessoas sedentárias, um tipo de estudo que não estabelece causa e efeito.
O novo estudo – conduzido no Canadá, Austrália, Reino Unido, Israel e Estados Unidos – comparou pessoas selecionadas aleatoriamente para um programa de exercícios com aquelas que receberam um livreto educativo.
Julie Gralow, diretora médica da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, destaca a qualidade da evidência. "Esta é a mais alta qualidade de evidência que se pode obter", afirma." Gosto deste estudo porque é algo que venho promovendo, mas com evidências menos sólidas, há tempos".
O trabalho foi financiado por grupos de pesquisa acadêmica no Canadá, Austrália e Reino Unido.
O programa e seus resultados
Pesquisadores acompanharam 889 pacientes com câncer de cólon tratável que haviam completado a quimioterapia. Metade dos participantes recebeu informações que promoviam condicionamento físico e nutrição. A outra metade trabalhou com um personal trainer, com encontros a cada duas semanas durante um ano e, depois, mensalmente pelos dois anos seguintes.
Os treinadores ajudaram os participantes a encontrar maneiras de aumentar sua atividade física. Muitos, incluindo Terri Swain-Collins, 62 anos, de Kingston, Ontário, optaram por caminhar por cerca de 45 minutos várias vezes por semana.
"Isso é algo que eu poderia fazer por mim mesma para me sentir melhor", diz. Ela acrescenta que o contato regular com a treinadora a manteve motivada.
Após oito anos, as pessoas no programa de exercícios não só se tornaram mais ativas do que as do grupo de controle, como também apresentaram 28% menos casos de câncer e 37% menos mortes por qualquer causa. Houve mais distensões musculares e problemas similares no grupo de exercícios.
"Quando vimos os resultados, ficamos surpresos", afirma Christopher Booth, oncologista do Kingston Health Sciences Centre, em Kingston, Ontário, e coautor do estudo.
Pesquisadores coletaram sangue dos participantes para buscar pistas que liguem os exercícios à prevenção do câncer, seja por meio do processamento de insulina, fortalecimento do sistema imunológico ou outros mecanismos.
O programa de treinos de Swain-Collins terminou, mas ela continua a se exercitar. Ela ouve música enquanto caminha perto de casa.
Kerry Courneya, coautora do artigo e pesquisadora de exercícios e câncer na Universidade de Alberta, explica que mudanças de comportamento podem ser alcançadas quando as pessoas acreditam nos benefícios, encontram formas de tornar a prática agradável e contam com um componente social.
As novas evidências darão aos pacientes com câncer um motivo para se manterem motivados.
"Agora podemos dizer que o exercício causa melhorias na sobrevivência", diz.
O Departamento de Saúde e Ciência da Associated Press recebe apoio do Grupo de Mídia Científica e Educacional do Instituto Médico Howard Hughes e da Fundação Robert Wood Johnson. A AP é responsável por todo o conteúdo.
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