Equipe econômica diz que está alinhada com Congresso, mas não anuncia propostas alternativas ao aumento do IOF
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Os presidentes da Câmara e do Senado disseram que, mais importante do que resolver o Orçamento de 2025, é preciso aprovar mudanças a longo prazo. Equipe econômica apresenta aos presidentes do Senado e da Câmara propostas alternativas ao aumento do IOF
A equipe econômica do governo apresentou aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados propostas alternativas para o decreto que elevou o Imposto sobre Movimentações Financeiras. Mas o anúncio das novas medidas ficou para semana que vem.
Ainda pela manhã, o presidente Lula chamou os jornalistas. Perguntado sobre a divergência entre Ministério da Fazenda e Congresso Nacional após o decreto que aumentou o IOF, Lula defendeu o ministro Fernando Haddad:
“O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na Fazenda. Ora, se houve uma reação de que tem outras possibilidades, nós estamos discutindo essas outras possibilidades. Eu não acho que isso tenha sido erro, não”.
Mas admitiu a falta de diálogo com os líderes no Congresso Nacional:
“Ninguém pode ser líder do governo e o governo mandar alguma coisa para lá sem conversar com eles. Essa é uma prática política que nós temos que aprender a fazer. Toda vez que a gente toma uma atitude sem conversar com as pessoas que vão ter que nos defender e defender a proposta, a gente pode cometer erros, porque muitas vezes gente nossa tem proposta de mudança”.
Equipe econômica diz que está alinhada com Congresso, mas não anuncia propostas alternativas ao aumento do IOF
Jornal Nacional/ Reprodução
Em uma outra sinalização ao Congresso, o presidente Lula chamou para um almoço os presidentes da Câmara e do Senado, líderes governistas e ministros. O objetivo? Abrir uma discussão ampla sobre uma forma de equilibrar as contas públicas, diante da ameaça de o Congresso derrubar o decreto do IOF.
No encontro, coube a Haddad a tarefa de apresentar um plano alternativo para manter o Orçamento. As medidas discutidas vão desde uma reforma administrativa até mudanças no Imposto de Renda. Desta vez, ao invés de um decreto, o Executivo apresentaria projetos para serem negociados e votados pelos parlamentares.
Na saída, apesar da expectativa criada pelo próprio governo, nenhum anúncio. O ministro da Fazenda disse que houve um alinhamento com os presidentes das duas casas, mas para evitar novos embates com o Congresso, antes de tornar públicas as propostas, quer apresentá-las aos líderes dos partidos, em uma reunião que deve acontecer no domingo (8).
“Nós estamos tendo esse cuidado todo porque nós dependemos dos votos do Congresso Nacional. O Congresso Nacional precisa estar convencido de que é o caminho mais consistente do ponto de vista da política macroeconômica. Vamos medir, junto aos líderes, a viabilidade e a pertinência das medidas. Nós estamos bastante seguros de que elas são justas e de que elas são sustentáveis tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista econômico. Mas esse zelo nós estamos cuidando", afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Os presidentes da Câmara e do Senado disseram que, mais importante do que resolver o Orçamento de 2025, é preciso aprovar mudanças a longo prazo.
“Depois dessa medida tomada pelo governo, pelo aumento do IOF, podermos encontrar uma pauta que não apenas resolva o problema pontual e imediato da questão fiscal do Brasil para o ano de 2025. E, sim, possamos avançar em uma discussão mais abrangente, mais estruturante em favor do país”, disse Hugo Motta, do Republicanos - PB, presidente da Câmara dos Deputados.
“Nós não poderemos rever um decreto se nós antes não discutirmos uma agenda estruturante de país. Não dá para tratar isoladamente o problema que nós estamos vivendo nas contas públicas do Brasil. São agendas sensíveis que precisam ser debatidas, que precisam ser enfrentadas”, diz Davi Alcolumbre, União - AP, presidente do Senado.
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